A memória humana acontece em muitas partes do cérebro ao mesmo tempo, e alguns tipos de memórias permanecem mais tempo do que outros.
Desde o momento em que nascemos, o nosso cérebro é bombardeado por uma imensa quantidade de informações sobre nós mesmos e o mundo ao redor.
Então, como nos apegamos a tudo o que aprendemos e experimentamos? Isso é algo que se resume pelas nossas recordações!
Por esse processo cognitivo surgem muitos mistérios sobre a memória humana, assim como revelações curiosas que sustentam estudos incríveis sobre nossas lembranças e esquecimentos.
Com ajuda de pesquisas e publicação de Michael Greshko – National Geographic, trouxemos nesse artigo mais revelações sobre o funcionamento da nossa memoria e como elas são criadas em nosso cérebro.
Como Funcionam As Memórias No Cérebro?
Os seres humanos retêm diferentes tipos de memórias por diferentes períodos de tempo. As memórias de curto prazo duram de segundos a horas, enquanto as de longo prazo duram por anos.
Todos temos uma memória de trabalho, que nos permite manter algo em mente por um tempo limitado quando a repetimos. E sempre que você diz um número de telefone várias vezes para se lembrar, você está usando sua memória de trabalho para a estender por mais tempo.
Outra maneira de categorizar a memória humana é pelo assunto da própria memória, se você estiver consciente disso. A memória declarativa, também chamada memória explícita, consiste no tipo de memória que você experimenta conscientemente.
Algumas dessas memórias são fatos ou “conhecimentos comuns”: coisas como a capital de Portugal (Lisboa) ou o número de cartas em um baralho padrão(52).
Outros consistem em eventos passados que você experimentou, como um aniversário de infância.
A memória não declarativa, também chamada memória implícita, acumula-se inconscientemente. Isso inclui memórias processuais, que seu corpo usa para lembrar as habilidades que você aprendeu.
Você toca um instrumento ou anda de bicicleta? Essas são as suas memórias processuais de trabalho.
As memórias não declarativas também podem moldar as respostas irracionais do seu corpo, como salivar ao ver sua comida favorita ou ficar tenso quando você vê algo que teme.
Em geral, memórias declarativas são mais fáceis de formar do que memórias não declarativas. Leva menos tempo para memorizar a capital de um país do que para aprender a tocar violino. Mas memórias não declarativas permanecem mais facilmente.
Ou seja, depois de aprender a andar de bicicleta, é provável que você não esqueça mais dessa habilidade.
O Que Casos De Amnésia Revelaram Sobre A Memória Humana?
Para entender como lembramos das coisas, é incrivelmente útil estudar como esquecemos – e é por isso que os neurocientistas estudam a amnésia, que é a perda da memória humana ou sua capacidade de aprender.
A amnésia geralmente é o resultado de algum tipo de trauma no cérebro, como um ferimento na cabeça, um derrame, um tumor cerebral ou alcoolismo crônico.
São conhecidos 2 tipos de amnésias:
- A primeira, amnésia retrógrada, ocorre quando você esquece coisas que sabia antes do trauma cerebral.
. - A amnésia anterógrada é quando o trauma cerebral reduz ou interrompe a capacidade de alguém formar novas memórias.
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O estudo de caso mais famoso da amnésia anterógrada é de Henry Molaison, que em 1953 teve partes do cérebro removidas como um último tratamento para convulsões graves.
Enquanto Molaison lembrava grande parte de sua infância, ele era incapaz de formar novas memórias declarativas. As pessoas que trabalharam com ele por décadas tinham que se apresentar novamente a cada reencontro por causa disso.
Ao estudar pessoas como ele, bem como animais com diferentes tipos de danos cerebrais, os cientistas puderam rastrear onde e como diferentes tipos de memórias se formam no cérebro.
Parece que as memórias de curto e longo prazo não se formam exatamente da mesma maneira, nem as memórias declarativas e processuais também.
Não existe um lugar no cérebro que armazene todas as suas memórias; diferentes áreas do cérebro formam e armazenam diferentes tipos de memória humana, e diferentes processos da memória sensorial estão em jogo para cada uma delas.
Por exemplo, respostas emocionais como o medo residem em uma região do cérebro chamada amígdala. Memórias das habilidades que você aprendeu estão associadas a uma região diferente chamada estriado.
Uma região chamada hipocampo é crucial para formar, reter e recuperar memórias declarativas.
Os lobos temporais, as regiões do cérebro que Molaison tinha parcialmente ausente, desempenham um papel crucial na formação e recuperação da memória humana.
Como As Memórias São Formadas, Armazenadas e Recuperadas
Desde a década de 1940, os cientistas supõem que as memórias são mantidas dentro de grupos de neurônios ou células nervosas chamadas assembleias celulares. Essas células interconectadas disparam como um grupo em resposta a um estímulo específico, seja o rosto do seu amigo ou o cheiro de pão fresco.
Quanto mais os neurônios disparam juntos, mais as interconexões das células se fortalecem. Dessa forma, quando um estímulo futuro acionar as células, é provável que todo o conjunto seja acionado.
A atividade coletiva dos nervos resulta no que experimentamos como memória. E os cientistas ainda estão trabalhando nos detalhes de como isso tudo funciona.
Para que uma memória humana de curto prazo se torne uma memória de longo prazo, ela deve ser reforçada para o armazenamento de longo prazo, um processo chamado de consolidação de memória.
Acredita-se que a consolidação ocorra por vários processos. Um deles, chamado potenciação de longo prazo, consiste em nervos individuais se modificando para crescer e conversar de maneira diferente com seus vizinhos.
Essa remodelação altera as conexões dos nervos a longo prazo, o que estabiliza a memória humana.
Todos os animais que têm memórias de longo prazo usam esse mesmo mecanismo celular básico e os cientistas estudaram os detalhes da potencialização a longo prazo a partir de lesmas do mar da Califórnia.
No entanto, nem todas as memórias de longo prazo necessariamente precisam começar como memórias de curto prazo.
Quando uma memória humana é recordada, muitas partes do cérebro conversam rapidamente entre si, incluindo regiões do córtex cerebral que processam informações de alto nível, regiões que lidam com os dados brutos de nossos sentidos e uma região chamada lobo temporal medial que aparece para ajudar e coordenar o processo.
Um estudo recente descobriu que, no momento em que os pacientes recordavam memórias recém-formadas, ondas de atividade nervosa no lobo temporal medial sincronizavam-se com ondas no córtex cerebral.
Os Mistérios da Memória Para Os Neurocientistas
Muitos mistérios sobre a memória humana permanecem na comunidade científica, mesmo que possamos dizer que estamos na “era de ouro” das grandes descobertas da neurociência.
Algumas dúvidas mais comuns são:
- Com que precisão as memórias humanas são codificadas dentro dos grupos de neurônios?
. - Quão amplamente distribuídas no cérebro humano são as células que codificam uma determinada memória?
. - Como nossa atividade cerebral corresponde a como experimentamos as memórias?
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Diversas áreas de pesquisas da neurociência podem fornecer novas informações sobre as funções cerebrais. E ainda que já tenhamos algumas perguntas respondidas sobre memórias e lembranças, ainda precisamos solucionar muitas dúvidas intrigantes em torno da memória humana.
Por exemplo, trabalhos recentes demonstraram que algumas memórias devem ser “reconsolidadas” cada vez que temos recordações no cérebro humano. Nesse caso, o ato de lembrar de algo torna essa memória temporariamente maleável, deixando-a fortalecida, enfraquecida ou até mesmo alterada.
Mas como isso tudo funciona na verdade?
Ao solucionar isso, as memórias podem ser mais facilmente direcionadas por medicamentos durante a sua reconsolidação, o que poderia ajudar a tratar condições como o TEPT, o transtorno de estresse pós-traumático.